MusicoTerapia

MusicoTerapia

Segundo a Federação Mundial de Musicoterapia (1996), “Musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo de facilitação e promoção da comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

A Musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e/ou restabelecer funções do indivíduo para que ele/ela possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento”.

Tal como as restantes terapias, a Musicoterapia poderá ser uma intervenção a realizar em todo o ciclo de vida. Especificamente com as crianças com perturbações no seu desenvolvimento, esta terapia poderá contribuir para benefícios ao nível do Sistema Nervoso Central nas seguintes áreas:

  • Contacto visual e táctil (melhorias na perturbação hipercinética);
  • Diminuição da ecolália e comportamentos repetitivos e/ou agressivos (aumento da produção de serotonina com música);
  • Facilita a criatividade / memória de reminiscência (ativações no corpo caloso);
  • Contribuição para organização do pensamento (planeamento / ativa córtex pré-frontal);
  • Estimulação das respostas de neurónios-espelho (imitar musicalmente é aprender);
  • Exteriorização de sentimentos e promoção da autoregulação emocional (ligação do córtex auditivo com o sistema límbico / libertação de endorfinas em Musicoterapia)
  • Prazer / motivação (dopamina) / romper padrão de isolamento
  • Melhoria da qualidade de vida da criança e da sua família
  • A Musicoterapia é livre de efeitos colaterais

(Edgerton, 1994; Escalona et al., 2002; Gold, Wigram & Elefant, 2006; Iseri, Guney, Guvenk et al., 2014; Kim, Wigram & Gold, 2008; Trevarthen, 2002)

Especificamente nas Perturbações do Espetro do Autismo, a Musicoterapia apresenta os seguintes benefícios:

  • O “fazer música” tem inerente a si uma grande componente motivacional para estas crianças, é um ambiente não-invasivo e a ausência de julgamento crítico dá-lhes a oportunidade de mostrar capacidades “escondidas”;
  • Musicoterapia eficaz na melhoria da iniciação da ATENÇÃO CONJUNTA/PARTILHADA e resposta a propostas de atenção (Kim, Wigram & Gold, 2008);
  • Musicoterapia eficaz na melhoria da IMITAÇÃO E RECIPROCIDADE/ sincronização associada a posterior desenvolvimento da linguagem e competências sociais / aumento adequado dos comportamentos sociais (Geretsegger et. al., 2012);
  • Diminuição das estereotipias motoras e verbais (ecolália) com atividades rítmicas;
  • Aumento de VERBALIZAÇÕES, gestos e compreensão da comunicação verbal através das canções;
  • Aumento dos ACTOS COMUNICATIVOS ESPONTÂNEOS/ envolvimento com os outros / socialização (Molnar-Szakacs et. al., 2009).

Quem é o Musicoterapeuta:
O musicoterapeuta é um profissional com formação específica em musicoterapia. Em Portugal, a formação em musicoterapia é realizada através da frequência e conclusão do Mestrado em Musicoterapia, que tem a duração de dois anos. Apenas um musicoterapeuta com formação académica superior pode fazer uma intervenção em musicoterapia, assim como dar formação nesta área.
Para exercer musicoterapia é necessário preencher requisitos específicos, sendo um deles a formação na área da música. Seguem-se etapas posteriores, que fazem parte do desenvolvimento pessoal do musicoterapeuta, até à sua acreditação profissional, sendo estas a supervisão clínica, formação complementar e desenvolvimento pessoal. Só depois de preencher todos os requisitos poderá ser musicoterapeuta.
Os musicoterapeutas avaliam o bem-estar físico e emocional, o funcionamento social, competências de comunicação, cognitivas e motoras através de respostas musicais; as sessões de musicoterapia são planeadas para os indivíduos e/ou grupos com base nas necessidades do paciente, utilizando a improvisação sonoro-musical, audição recetiva sonoro-musical, escrita de canções, discussão lírica, musical e imaginária, a prática musical, e a aprendizagem através da música; participam em equipas multidisciplinares, através de avaliações contínuas, e acompanhamento de pacientes.
Os musicoterapeutas trabalham numa ampla variedade de contextos, incluindo (mas não limitado a) os hospitais psiquiátricos, instalações de reabilitação, hospitais, ambulatórios, centros de tratamento, creches, instituições, centros de saúde mental, centros comunitários, programas de substâncias psicoativas e álcool, centros de dia, lares residenciais, programas de cuidados paliativos, instalações prisionais, centros de reabilitação, escolas e clínica privada.